O Templo de Salomão e a veneração dos nossos templos
Convém ressaltar,
de início, que a atitude de importar luturgias do judaísmo tem sido
característica das igrejas que se enveredaram pelo caminho do
neopentecostalismo. Não é "privilégio" só de Macedo. A presença da
"Arca", hoje, predomina em muitos ambientes evangélicos até mesmo em
igrejas históricas. A diferença é que o Bispo da Universal foi mais
longe e, com a construção do templo, incorporou com pompa e luxo os
ritos judaicos. Parece mais uma jogada de marketing do que outra coisa,
na tentativa de dar outro impulso ao crescimento de sua igreja, que
vinha estagnada nos últimos anos.
É interessante
observar, também, que Luiz Felipe Pondé, em seu ensaio sobre a
inauguração do "Templo de Salomão", publicado na Folha de São Paulo,
tocou no ponto central da celeuma. Com a teologia da prosperidade, o
neopentecostalismo (em que a IURD desponta como o carro-chefe), quer
assimilar o "paraíso" prometido por Deus em sua aliança com Israel, mas
se nega a aceitar a outra parte do pacto, que já levou a nação judaica a
experimentar os momentos mais tenebrosos da história. Portanto, essa
"judaização" urdiana e neopentecostal é um contrassenso por querer
apenas o que poderíamos chamar de "lado bom" da moeda.
Mas vamos
ao que aprendemos sobre o templo na Nova Aliança. O próprio Jesus em
seu diálogo com a mulher samaritana (leia João 4) já o desvestiu dessa
sacralidade. Para ela a questão não era apenas onde adorar, mas qual o
lugar da verdadeira adoração. Em sua resposta, Cristo foi ao cerne:
valorizou mais a atitude do que o lugar. Ou seja, não é este que
importa, mas a devoção santa de quem o usa. Nesse sentido, o "templo"
pode ser o quintal da nossa casa desde que, ali, o nosso coração seja
pleno de adoração a Deus. Isso é o que conta. Em outra ocasião, embora
tratando da disciplina na igreja, Cristo deixa claro que uma reunião
cristã só tem valor se for feita em seu nome, sem, no entanto, dar
primazia ao lugar, Mateus 18.20.
Quando chegamos em Atos, descobrimos que as reuniões cristãs tinham predominância nas casas. Certamente os apóstolos iam ao templo judaico por serem judeus, sendo muito provável que ali se reunissem, na área do pátio, para também proclamar o nome de Cristo. Mas a importância do templo judaico perde todo o significado para o incipiente cristianismo. É tanto que este foi o ponto de maior tensão entre Estêvão e os que o combatiam a ponto de levantarem falsas acusações contra ele. Em dado momento do seu discurso diante de seus algozes, o primeiro mártir cristão tocou na ferida: "O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens", Atos 7.48. Mais tarde Paulo também repetiu o mesmo conceito no areópago, Atos 17.24.
Como se percebe, a ênfase deixou de apontar para um lugar sagrado, tornando-o secundário, e trouxe a Presença para a vida orgânica da Igreja - o Corpo de Cristo - que se reúne em diferentes lugares e sob as mais diferentes condições, sem primazia para esta ou aquela "casa de adoração". Esta verdade está pontuada em todas as epístolas e transparece nas diferentes formas em que os cristãos primitivos se reuniam para a vivência comunitária da fé. Vale ressaltar, inclusive, que nos primeiros três séculos da era cristã havia templos pagãos, mas não havia templos cristãos. Este só aparecem com a constantinização da Igreja, que se torna a religião oficial do Estado, e passa até mesmo a usar os templos antes dedicados ao paganismo. É a partir daí que o templo como local de culto a Deus começa a fazer parte da história cristã.
Considerados os pontos acima, se a construção do "Templo de Salomão" por Edir Macedo, com a incorporação dos ritos judaicos, é uma das maiores blasfêmias contra Deus, não menos pecaminoso é sacralizar qualquer outro lugar, como se a Presença dependesse de templos feitos por mãos humanas para neles habitar. A Nova Aliança não se baseia em ritos, a não ser na obra vicária de Cristo, e não fez de um templo o meio para aproximar o homem de Deus. Temos apenas dois sacramentos - a ceia do Senhor e o batismo - que necessariamete não precisam de um templo para serem oficiados.
É óbvio que, com isso, não quero menosprezar o lugar em que a igreja local congrega, não importa se num templo de alvenaria ou numa casa de pau-a-pique. Mas pecamos em sacralizá-lo, dando maior valor a ele do que ao povo de Cristo que ali se reúne, gastando fábulas de dinheiro para orná-lo como um objeto sagrado. Pecamos ainda mais quando introduzimos no nosso culto ritos e objetos que tinham sentido na Antiga Aliança (arca, shofar etc), como sombras das coisas futuras, mas que hoje não fazem sentido algum, já que a história da fé está centrada na glória da cruz de Cristo.
Isso vale para Edir Macedo. Isso vale para todos nós.
Quando chegamos em Atos, descobrimos que as reuniões cristãs tinham predominância nas casas. Certamente os apóstolos iam ao templo judaico por serem judeus, sendo muito provável que ali se reunissem, na área do pátio, para também proclamar o nome de Cristo. Mas a importância do templo judaico perde todo o significado para o incipiente cristianismo. É tanto que este foi o ponto de maior tensão entre Estêvão e os que o combatiam a ponto de levantarem falsas acusações contra ele. Em dado momento do seu discurso diante de seus algozes, o primeiro mártir cristão tocou na ferida: "O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens", Atos 7.48. Mais tarde Paulo também repetiu o mesmo conceito no areópago, Atos 17.24.
Como se percebe, a ênfase deixou de apontar para um lugar sagrado, tornando-o secundário, e trouxe a Presença para a vida orgânica da Igreja - o Corpo de Cristo - que se reúne em diferentes lugares e sob as mais diferentes condições, sem primazia para esta ou aquela "casa de adoração". Esta verdade está pontuada em todas as epístolas e transparece nas diferentes formas em que os cristãos primitivos se reuniam para a vivência comunitária da fé. Vale ressaltar, inclusive, que nos primeiros três séculos da era cristã havia templos pagãos, mas não havia templos cristãos. Este só aparecem com a constantinização da Igreja, que se torna a religião oficial do Estado, e passa até mesmo a usar os templos antes dedicados ao paganismo. É a partir daí que o templo como local de culto a Deus começa a fazer parte da história cristã.
Considerados os pontos acima, se a construção do "Templo de Salomão" por Edir Macedo, com a incorporação dos ritos judaicos, é uma das maiores blasfêmias contra Deus, não menos pecaminoso é sacralizar qualquer outro lugar, como se a Presença dependesse de templos feitos por mãos humanas para neles habitar. A Nova Aliança não se baseia em ritos, a não ser na obra vicária de Cristo, e não fez de um templo o meio para aproximar o homem de Deus. Temos apenas dois sacramentos - a ceia do Senhor e o batismo - que necessariamete não precisam de um templo para serem oficiados.
É óbvio que, com isso, não quero menosprezar o lugar em que a igreja local congrega, não importa se num templo de alvenaria ou numa casa de pau-a-pique. Mas pecamos em sacralizá-lo, dando maior valor a ele do que ao povo de Cristo que ali se reúne, gastando fábulas de dinheiro para orná-lo como um objeto sagrado. Pecamos ainda mais quando introduzimos no nosso culto ritos e objetos que tinham sentido na Antiga Aliança (arca, shofar etc), como sombras das coisas futuras, mas que hoje não fazem sentido algum, já que a história da fé está centrada na glória da cruz de Cristo.
Isso vale para Edir Macedo. Isso vale para todos nós.
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